O dia que eu morri

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morte

Quanto tempo foi?

Que eu deixei você?

Sai
Larguei tudo para trás

Nao fiz mala
Larguei discos
Cartas
Lembranças
Histórias

Larguei você…

Da vergonha
Que sangrou
Quando os olhares
Me contaram
O que eu não vi

Porque estava presa
Porque estava apaixonada
Porque estava cega

Eu nem sabia
Nunca passou pela cabeça
Que isso existia

E senti
A lâmina atravessar
Meu peito
Atingir em cheio
Meu coração

Naquele dia
Eu cai
Sangrei

Morri…

E na morte
Esqueci de te buscar
Para partir comigo

Deixei você só

Hoje
Volto

Hoje
Te estendo
A mão

Venha comigo

Não tenha medo

Aqui
Você está a salvo
Aqui
Há luz
Aqui
Eu posso
Te dar
E devolver

Vem
Comigo
Meu amor

Eu nunca mais
Deixarei você.

Tentei entender

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ENTENDER

Nunca sei
O que você quer
Me dizer

O que você quer
Comigo

O que você quer
De mim

O que você quer…

Eu tentei
Eu já li
Nas linhas
Entrelinhas
No não dito
No subjetivo

Procurei nos dicionários
Falei com sábios
Falei com guias
Falei com Freud

Me disseram
Que é assim mesmo
E que é obvio
Está claro
Bem na minha cara…

Suspiro
Procuro ar
Mas os pulmões
Foram maltratados
Não podem ajudar

Tento enxergar
O grau não lê
Bula de remédio

Saio com o carro
Gasolina na reserva…

Esse é o obvio
Do não dito
Não entendido
Não manifesto

O óbvio
É o seu lugar

O meu lugar.